Por Marco Lipay
Reposição Hormonal
A Importância da Testosterona no Organismo Masculino
A testosterona é o hormônio predominante no sexo masculino e desempenha um papel vital em diversos processos fisiológicos e bioquímicos. Ela é mais conhecida por sua influência no desenvolvimento e manutenção das características sexuais masculinas. A testosterona é principalmente produzida pelos testículos nas células de Leydig e é regulada pelo cérebro e pela glândula pituitária (hipófise).
Funções da Testosterona no Organismo Masculino
A testosterona desempenha diversas funções essenciais no corpo masculino, incluindo:
Reprodução: Estimula a produção de espermatozoides.
Libido: Influencia o desejo sexual.
Manutenção da Massa Óssea: Contribui para a saúde dos ossos.
Distribuição de Gordura: Afeta o acúmulo de gordura no corpo.
Força e Massa Muscular: Tem influência na formação da massa muscular e força.
Produção de Células Sanguíneas: Contribui para a produção de células vermelhas do sangue.
Estado Emocional (Humor): Pode influenciar o bem-estar emocional.
Declínio da Função Gonadal e Reposição de Testosterona
À medida que os homens envelhecem, é comum experimentar um declínio gradual na função gonadal. Estima-se que os níveis de testosterona diminuam em cerca de 1% ao ano após os 40 anos de idade.
A preocupação com a reposição hormonal se tornou uma questão universal. Tanto a Associação Americana de Urologia (AUA) quanto a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) publicaram normas e recomendações para o uso adequado da testosterona. No entanto, uma análise crítica mostrou que:
O uso de testosterona e prescrições aumentaram consideravelmente nos últimos anos.
Muitos homens utilizam testosterona sem uma indicação clínica precisa.
Até 25% dos homens que recebem terapia com testosterona não têm seus níveis de testosterona testados previamente.
Quase metade dos homens tratados com testosterona não tem seus níveis verificados após o início da terapia.
Até um terço dos homens tratados com testosterona não atendem aos critérios para serem diagnosticados como deficientes em testosterona.
Sinais e Sintomas do Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM)
Os sinais e sintomas do DAEM podem ser divididos em sexuais e não sexuais, e incluem:
- Diminuição ou perda de libido.
- Disfunção erétil.
- Menos ereções matinais e de menor qualidade.
- Acúmulo de gordura abdominal.
- Baixa densidade mineral óssea.
- Depressão.
- Fadiga.
- Perda de pelos corporais.
- Redução da sensação de vitalidade ou bem-estar.
- Anemia.
- Níveis alterados de colesterol, triglicérides e glicemia.
Diagnóstico do DAEM e Considerações Médicas
O diagnóstico do Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM), também conhecido como Síndrome de Deficiência de Testosterona (SDT), requer a presença de sinais e sintomas característicos combinados com baixos níveis de testosterona. São necessárias pelo menos duas dosagens da testosterona em dias diferentes, quando a primeira dosagem for baixa. Os níveis séricos de hormônios luteinizantes e prolactina também devem ser medidos.
Orientações ao Paciente sobre o Uso da Testosterona e Seus Riscos
Antes de prescrever a terapia de reposição de testosterona, os médicos devem fornecer informações detalhadas aos pacientes sobre os riscos envolvidos, incluindo:
- A necessidade de exames para avaliar os níveis sanguíneos de hemoglobina e hematócrito e o aumento do risco de policitemia.
- A importância de realizar o exame de PSA (marcador para câncer de próstata) em homens com mais de 40 anos antes do início da terapia, embora não haja evidências ligando a terapia com testosterona ao desenvolvimento de câncer de próstata.
- O reconhecimento de que a baixa testosterona é um fator de risco para doenças cardiovasculares.
- Os possíveis benefícios da terapia com testosterona, como melhorias na função erétil, desejo sexual, densidade mineral óssea e sintomas depressivos.
- A incerteza sobre o impacto da terapia com testosterona em áreas como função cognitiva, diabetes, fadiga, níveis lipídicos e qualidade de vida.
- A discussão sobre o impacto potencial da testosterona exógena na espermatogênese para pacientes interessados em fertilidade futura.
- O esclarecimento de que a terapia com testosterona pode apresentar riscos de eventos cardiovasculares a longo prazo, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e fenômenos tromboembólicos.
- A importância das modificações no estilo de vida como parte do tratamento, principalmente para homens com deficiência de testosterona.
- A necessidade de investigar a fertilidade antes do uso de testosterona em homens que desejam ter filhos.
- A recomendação de adiar o início da terapia com testosterona por três a seis meses em pacientes com histórico de eventos cardiovasculares.
É fundamental que a reposição hormonal seja realizada por profissionais médicos, preferencialmente especialistas, e de acordo com critérios rigorosos de diagnóstico e monitoramento.
Recentemente, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) endossou a posição do Conselho Federal de Medicina (CFM) que não reconhece a especialidade intitulada “Modulação Hormonal”. Isso está alinhado com a abordagem baseada em evidências científicas e na necessidade de comprovação de deficiência específica antes da reposição hormonal.
Dr. Marco Lipay
- Cremesp 73891- CRM 73.891 | RQE 33972
- Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo)
- Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia
- Membro Correspondente da Associação Americana de Urologia
- Autor do Livro Genética Oncológica Aplicada a Urologia
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