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Vasectomia e Reversão

Vasectomia e Reversão no Planejamento Familiar, o que é preciso saber.

Vasectomia e Reversão - Dr. Marco Lipay Urologia

Por Marco Lipay

O Senado aprovou em agosto de 2022 e entrou em vigor em 2 de março de 2023 a lei que reduziu para 21 anos a idade mínima de homens e mulheres para a esterilização voluntária e acabou com a exigência do consentimento do conjunge para realização da laqueadura e vasectomia (Lei 14.443/2022). 

Antes a sua indicação estava baseada de acordo com a Lei Brasileira do Planejamento Familiar 9.263/96 que determinava a realização da cirurgia em homens maiores de 25 anos e com dois filhos vivos.

Mantém-se o prazo mínimo de 60 dias após a manifestação expressa do desejo e aconselhamento, para realizar a cirurgia esterilizadora. O Objetivo deste intervalo de tempo é para reflexão do paciente e desencoraja-lo a esterilização precoce.  Durante a consulta o Urologista deve lembrar a existência de outros métodos anticoncepcionais como: DIU (dispositivos intrauterinos), pílulas anticoncepcionais, implantes, preservativos, entre outros. A cirurgia só deve ser realizada na certeza absoluta de que a família está completa, caso o homem tenha alguma dúvida ou incerteza o mesmo deve ser desencorajado ou proceder um maior tempo de reflexão.

Sabe-se que não há método anticoncepcional 100% seguro, mas a vasectomia encontra-se entre os mais seguros. A esterilização não traz riscos de câncer de próstata, testículos; não aumenta a chance de desenvolver hipertensão arterial, doenças cardíacas ou demências. A vasectomia não altera a produção dos níveis hormonais (testosterona); da ereção; do prazer sexual (orgasmo) ou da libido. O ejaculado estará presente na mesma forma e volume, só não conterá mais os espermatozoides.

O procedimento pode ser realizado sob anestesia local e a avaliação pré-operatória (exames laboratoriais e consulta com cardiologista) nem sempre se faz necessária e será decidido pelo urologista após avaliar o paciente.

A cirurgia leva aproximadamente 40 minutos e consiste em abordar os deferentes, interrompendo a passagem dos espermatozoides dos epidídimos para as vesículas seminais.

Os espermatozoides formados serão reabsorvidos e as células germinativas (produtoras de espermatozoides) vão diminuindo a sua produção por aumento de pressão dentro dos deferentes após o procedimento.

A vasectomia é uma cirurgia como outra qualquer e requer cuidados no pós-operatório como: limitar esforço físico, não praticar esporte ou atividades sexuais nos primeiros dias, cuidados com a incisão cirúrgica entre outros. As complicações são raras (menos de 1 % dos casos), mas existem e podemos citar algumas: hematomas (coleção de sangue), recanalização dos deferentes, inflamações, infecções, dor crônica, acumulo de água no escroto (hidrocele).

A liberação para atividade sexual segura será feita após a realização do espermograma que deve mostra ausência de espermatozoides, normalmente essa amostra de sêmen será coletada após 20-30 ejaculações que ocorre num período previsto de 8 a 16 semanas.  Antes disso os métodos anticoncepcionais devem ser mantidos. Pode ser necessário colher mais de uma amostra para a confirmação da esterilização. Em raríssimas situações faz-se necessário uma reabordagem cirúrgica diante da presença de um ducto deferente acessório, duplicidade de deferente não identificado no ato cirúrgico ou até mesmo o realinhamento espontâneo do deferente.

Vale lembrar que a vasectomia é uma forma eficaz de controle da natalidade, mas não protege o homem de doenças sexualmente transmissíveis (DST), como uretrites, síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), hepatites, sífilis, herpes entre outras doenças. Por esse motivo, deve-se usar preservativos, como formas de prevenir as DST.

A reversão da vasectomia é possível e trata-se de um procedimento mais complexo e elaborado (será necessária uma anestesia mais ampla, além do uso de microscópio e instrumental de microcirurgia). O tempo cirúrgico será maior, além dos custos serem muito mais elevados.  Vale lembrar que quanto maior o tempo entre a vasectomia e reversão, menor será a probabilidade de sucesso. Homens que realizaram a vasectomia em até 5 anos tem uma probabilidade de aproximadamente 80% para engravidar a parceira, já para um período entre 5 e 10 anos a chances serão de 50% e 20-30% quando esse período for maior que 10 anos.

De modo geral a vasectomia é um procedimento bastante seguro, com alto índice de satisfação e com baixa taxa de complicação ou arrependimento, quando realizada de forma consciente e planejada.

Fontes Consultadas:

Annals of Internal Medicine

American Urological Association

European Urological Association

Sociedade Brasileira de Urologia

Dr. Marco Lipay

  • Cremesp 73891- CRM 73.891 | RQE 33972
  • Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo)
  • Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia
  • Membro Correspondente da Associação Americana de Urologia
  • Autor do Livro Genética Oncológica Aplicada a Urologia

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