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Câncer de Bexiga

Diagnóstico e Tratamento.

Por Marco Lipay

A bexiga, órgão localizado na parte inferior do abdome, tem como função armazena e esvaziar a urina produzida pelos rins. Em se tratando de câncer, o carcinoma urotelial, também conhecido como carcinoma de células transicionais, é o tipo mais comum de câncer de bexiga. Dentre todos os tumores, o câncer da bexiga, constitui na quarta doença neoplásica em incidência no homem nos Estados Unidos e a oitava causa mais comum de mortes por câncer. Na grande maioria das vezes, desenvolve-se de modo assintomático e muitas vezes é identificado pelo paciente ao urinar sangue sem apresentar dor, motivo este que o leva a consultar um Urologista, médico especializado em doenças do aparelho urinário.

As causas exatas do câncer de bexiga são desconhecidas e não existe um rastreio padrão para o diagnóstico precoce da neoplasia vesical. O fator de risco mais comum para câncer de bexiga é o tabagismo e o risco de câncer de bexiga aumenta com o envelhecimento. Em mais de 90% dos casos o diagnóstico ocorre após os 55 anos de idade.

As neoplasias vesicais podem se formar em vários locais dentro e/ou ao redor da bexiga. As células cancerosas podem se estar presente em todas as camadas da parede da bexiga, quanto mais profunda a invasão, maior a probabilidade de as células cancerosas se espalharem para outros órgãos.

A hipótese diagnóstica é feita após uma consulta médica e um exame físico adequado. A solicitação de exames acessórios como exames de sangue, urina, imagem (ultrassom, tomografia, ressonância) e cistoscopia (procedimento que permite visualizar o interior da bexiga), seguido de biópsia que confirmam a hipótese diagnóstica inicial, após análise do material no laboratório de anatomia patológica.

Após a confirmação diagnóstica, realiza-se a classificado do tumor em estágio e grau:

  • Estágio: (tamanho, localização, extensão e número de lesões), desse modo o tumor é classifica em não invasivo ou invasivo da musculatura da bexiga.
  • Grau: A agressividade das células cancerígenas e seu potencial de propagação; classificado em alto ou baixo grau de malignidade.

O sistema de estadiamento TNM – Tumor, Nódulo comprometido e Metástase (doença fora da bexiga), este sistema de notificação é amplamente utilizado para o câncer. Após cada letra do sistema TNM, há um número que indica a escala ou o volume do (s) tumor (es) na bexiga.

Estadiamento do câncer de bexiga (TNM). TNM = tumor, nódulo, metástase. Adaptado da National Comprehensive Cancer Network (2017).

T: Tumor Primário

  • Tx: O tamanho do tumor não pode ser medido
  • T0: Nenhum tumor foi encontrado
  • T1-T4: Indica o tamanho do tumor.

N: Linfonodos regionais

  • Nx: Tumores em nódulos linfáticos não podem ser medidos
  • N0: câncer não encontrado em nódulos linfáticos
  • N1-N3: O número e a localização dos tumores encontrados nos gânglios linfáticos

M: Metástase à distância

  • Mx: Metástase não pode ser medida
  • M0: O câncer ainda não se espalhou
  • M1: O câncer se espalhou para outras partes do corpo

Estágios

  • Estágio I: O câncer ocorre no revestimento interno da bexiga, mas não invadiu a parede muscular da bexiga.
  • Estágio II: o câncer invadiu a parede da bexiga, mas ainda está confinado à bexiga.
  • Estágio III: o câncer se espalhou pela parede da bexiga para o tecido circundante. Também pode ter se espalhado para a próstata nos homens ou para o útero ou vagina nas mulheres.
  • Estágio IV: o câncer se espalhou para os gânglios linfáticos ou outros locais, como pulmões, ossos ou fígado.

O Câncer de Bexiga é tratado conforme seu estágio:

Em algumas situações o câncer de bexiga necessita de uma equipe médica multidisciplinar no tratamento oncológico (urologista, oncologista, radioterapeuta, cirurgião oncológico, enfermagem, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta, estomaterapeuta, farmacêuticos, entre outros), visando alcançar os melhores resultados possíveis.

Cirurgia

A Ressecção transuretral de um tumor na bexiga (RTUB), é um procedimento minimamente invasivo, sob anestesia realizado em até 1 hora, utilizando uma microcâmera acoplada a um elemento de trabalho e um bisturi (monopolar, bipolar), muitas vezes considera-se um procedimento diagnóstico e terapêutico. O material extraído é encaminhado para o laboratório de anatomia patológica. O Paciente fica hospitalizado por volta de 48 horas e permanece com uma sonda de drenagem de urina que normalmente é retirada durante a internação.  Em outras situações este procedimento cirúrgico tem como objetivo remover tumores de bexiga recidivados, para tumores não músculo invasivos.

No caso de câncer invasivo do músculo de bexiga, a bexiga precisar ser removida. Nesse caso, a opção de tratamento é a Cistectomia Radical, remoção completa da bexiga.  Neste procedimento, o urologista remove a bexiga e próstata nos homens e útero, trompas e ovário nas mulheres, além de gânglios linfáticos e/ou com quaisquer outros órgãos afetados, seja por cirurgia robótica ou cirurgia convencional.

A urina é derivada para um conduto confeccionado a partir de um segmento intestinal, seja para a uma pequena abertura no abdome, conhecido como urostomia (bolsa coletora de urina definitiva) ou para uma nova bexiga “artificial”, permitindo que a urina sai via uretral.

Quimioterapia

O tratamento quimioterápico usa drogas especiais para atacar as células cancerosas ou para ajudar a controlar os efeitos colaterais do câncer.

A quimioterapia pode ser:

  • A quimioterapia neoadjuvante; é a quimioterapia antes da remoção cirúrgica de um tumor na bexiga. Esta quimioterapia pode ajudar a reduzir o tumor para torná-lo mais fácil de remover ou diminuir a chance de recorrência.
  • A quimioterapia adjuvante; é a quimioterapia após a cirurgia.  Tem como objetivo “matar” quaisquer células cancerosas remanescentes e diminuir a probabilidade de recorrência e disseminação.

Radioterapia

O tratamento radioterápico, ambulatorial, usa ondas de energia nuclear, para “matar” as células cancerosas. Geralmente é emitida de fora do corpo (isso é chamado de radiação de feixe externo).

Para alguns casos, a radioterapia pode ser usada com quimioterapia, como uma alternativa poupadora de órgãos à cirurgia de remoção da bexiga. A radioterapia por si só também pode ser usada como alternativa de tratamento para pacientes que não tem condições cirúrgicas adequadas.

Todas as opções de tratamento têm riscos e devem ser considerados, converse com seu Urologista e discuta a melhor opção de tratamento para o seu caso.

Referências:

  • Sociedade Brasileira de Urologia (SBU)
  • European Association of Urology (EAU)
  • American Urological Association (AUA)

Dr. Marco Lipay

  • Cremesp 73891- CRM 73.891 | RQE 33972
  • Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo)
  • Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia
  • Membro Correspondente da Associação Americana de Urologia
  • Autor do Livro Genética Oncológica Aplicada a Urologia

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