Reposição Hormonal

Reposição Hormonal - Qual sua função, indicação e riscos para o homem.

Reposição Hormonal - Dr. Marco Lipay Urologia

Por Marco Lipay

Reposição Hormonal

A Importância da Testosterona no Organismo Masculino

A testosterona é o hormônio predominante no sexo masculino e desempenha um papel vital em diversos processos fisiológicos e bioquímicos. Ela é mais conhecida por sua influência no desenvolvimento e manutenção das características sexuais masculinas. A testosterona é principalmente produzida pelos testículos nas células de Leydig e é regulada pelo cérebro e pela glândula pituitária (hipófise).

Funções da Testosterona no Organismo Masculino

A testosterona desempenha diversas funções essenciais no corpo masculino, incluindo:

  1. Reprodução: Estimula a produção de espermatozoides.

  2. Libido: Influencia o desejo sexual.

  3. Manutenção da Massa Óssea: Contribui para a saúde dos ossos.

  4. Distribuição de Gordura: Afeta o acúmulo de gordura no corpo.

  5. Força e Massa Muscular: Tem influência na formação da massa muscular e força.

  6. Produção de Células Sanguíneas: Contribui para a produção de células vermelhas do sangue.

  7. Estado Emocional (Humor): Pode influenciar o bem-estar emocional.

Declínio da Função Gonadal e Reposição de Testosterona

À medida que os homens envelhecem, é comum experimentar um declínio gradual na função gonadal. Estima-se que os níveis de testosterona diminuam em cerca de 1% ao ano após os 40 anos de idade.

A preocupação com a reposição hormonal se tornou uma questão universal. Tanto a Associação Americana de Urologia (AUA) quanto a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) publicaram normas e recomendações para o uso adequado da testosterona. No entanto, uma análise crítica mostrou que:

  • O uso de testosterona e prescrições aumentaram consideravelmente nos últimos anos.

  • Muitos homens utilizam testosterona sem uma indicação clínica precisa.

  • Até 25% dos homens que recebem terapia com testosterona não têm seus níveis de testosterona testados previamente.

  • Quase metade dos homens tratados com testosterona não tem seus níveis verificados após o início da terapia.

  • Até um terço dos homens tratados com testosterona não atendem aos critérios para serem diagnosticados como deficientes em testosterona.

Sinais e Sintomas do Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM)

Os sinais e sintomas do DAEM podem ser divididos em sexuais e não sexuais, e incluem:

  • Diminuição ou perda de libido.
  • Disfunção erétil.
  • Menos ereções matinais e de menor qualidade.
  • Acúmulo de gordura abdominal.
  • Baixa densidade mineral óssea.
  • Depressão.
  • Fadiga.
  • Perda de pelos corporais.
  • Redução da sensação de vitalidade ou bem-estar.
  • Anemia.
  • Níveis alterados de colesterol, triglicérides e glicemia.
Diagnóstico do DAEM e Considerações Médicas

O diagnóstico do Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM), também conhecido como Síndrome de Deficiência de Testosterona (SDT), requer a presença de sinais e sintomas característicos combinados com baixos níveis de testosterona. São necessárias pelo menos duas dosagens da testosterona em dias diferentes, quando a primeira dosagem for baixa. Os níveis séricos de hormônios luteinizantes e prolactina também devem ser medidos.

Orientações ao Paciente sobre o Uso da Testosterona e Seus Riscos

Antes de prescrever a terapia de reposição de testosterona, os médicos devem fornecer informações detalhadas aos pacientes sobre os riscos envolvidos, incluindo:

  • A necessidade de exames para avaliar os níveis sanguíneos de hemoglobina e hematócrito e o aumento do risco de policitemia.
  • A importância de realizar o exame de PSA (marcador para câncer de próstata) em homens com mais de 40 anos antes do início da terapia, embora não haja evidências ligando a terapia com testosterona ao desenvolvimento de câncer de próstata.
  • O reconhecimento de que a baixa testosterona é um fator de risco para doenças cardiovasculares.
  • Os possíveis benefícios da terapia com testosterona, como melhorias na função erétil, desejo sexual, densidade mineral óssea e sintomas depressivos.
  • A incerteza sobre o impacto da terapia com testosterona em áreas como função cognitiva, diabetes, fadiga, níveis lipídicos e qualidade de vida.
  • A discussão sobre o impacto potencial da testosterona exógena na espermatogênese para pacientes interessados em fertilidade futura.
  • O esclarecimento de que a terapia com testosterona pode apresentar riscos de eventos cardiovasculares a longo prazo, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e fenômenos tromboembólicos.
  • A importância das modificações no estilo de vida como parte do tratamento, principalmente para homens com deficiência de testosterona.
  • A necessidade de investigar a fertilidade antes do uso de testosterona em homens que desejam ter filhos.
  • A recomendação de adiar o início da terapia com testosterona por três a seis meses em pacientes com histórico de eventos cardiovasculares.

É fundamental que a reposição hormonal seja realizada por profissionais médicos, preferencialmente especialistas, e de acordo com critérios rigorosos de diagnóstico e monitoramento.

Recentemente, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) endossou a posição do Conselho Federal de Medicina (CFM) que não reconhece a especialidade intitulada “Modulação Hormonal”. Isso está alinhado com a abordagem baseada em evidências científicas e na necessidade de comprovação de deficiência específica antes da reposição hormonal.

Dr. Marco Lipay

  • Cremesp 73891- CRM 73.891 | RQE 33972
  • Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo)
  • Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia
  • Membro Correspondente da Associação Americana de Urologia
  • Autor do Livro Genética Oncológica Aplicada a Urologia

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