Incontinência Urinária

Um problema que tem solução.

Por Marco Lipay

Incontinência urinária é a perda involuntária de urina. Segundo a Sociedade Internacional de Incontinência (ICS), fenômeno que acomete tanto os homens como as mulheres, porém é muito mais comum no sexo feminino e torna-se mais frequente com o envelhecimento.  A perda urinária determina, além do constrangimento, uma piora significativa na qualidade de vida em razão de promover o isolamento social, restrição ao trabalho, ao lazer e alteração do humor.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, 35% das mulheres pós-menopausa apresentam incontinência urinária de esforço. Entre as pessoas acima de 65 anos, esse número pode chegar a mais de 60%.

Segundo a Sociedade Americana de Urologia, aproximadamente, um terço das mulheres adultas nos Estados Unidos relatam perdas urinárias, porém acredita-se que este número seja bem mais elevado, porque muitas pessoas não contam a ninguém sobre seus sintomas. Elas ficam envergonhadas, ou pensam que nada pode ser feito, sofrendo em silêncio.

Vários são os fatores de risco para incontinência urinária:

  • Raça:  mulheres brancas tem maior probabilidade de manifestar incontinência urinária de esforço em comparação com mulheres afro-americanas e asiáticas,
  • Obesidade: o aumento de peso determina uma maior pressão do intestino sobre a bexiga e os músculos de períneo,
  • Algumas Doenças: Neurológicas (esclerose múltipla, doença de Parkinson, Acidente Vascular Cerebral, tumor cerebral ou uma lesão na coluna vertebral), Diabetes,
  • Hábitos Alimentares que envolvam excesso de bebidas e/ou alimentos ricos em cafeína (chás, mates, refrigerantes, energéticos, pimentas, cítricos, chocolates, condimentos, etc),
  • Uso de medicamentos para o controle de doenças cardíacas e pressão arterial, além de sedativos e relaxantes musculares,
  • Doenças Transitórias: Infecção do trato urinário ou Vagina, obstipação intestinal e estresse emocional,
  • Condição pré existente ou antecedente que possa ter gerado um dano anatômico ou neurológico: gestações, partos, traumas, acidente vascular cerebral, doenças renais ou cardiovasculares, apneia do sono, envelhecimento, menopausa, histerectomia (cirurgia para retirar o útero/ovários), etc.

Os principais tipos de incontinência urinária, nas mulheres, a saber:

  • Incontinência Urinária de Esforço.

A Incontinência Urinária de Esforço (IUE) é definida, segundo ICS  como a perda involuntária da urina pelo meato uretral, secundária ao aumento da pressão abdominal, na ausência de contração do detrusor (músculo da bexiga), como por exemplo; ao tossir, espirrar, pular, andar, mudar de posição e rir intensamente. É o tipo mais comum de Incontinência Urinária, e pode alcançar mais de 50 % das mulheres ao longo da vida.

A perda urinária é resultado da falência da musculatura perineal e esfincteriana (estruturas musculares que atuam em conter a urina entre os intervalos miccionais).

  • Incontinência Urinária de Urgência.

A Incontinência Urinária de Urgência é perda de urina involuntária, precedida de súbito desejo miccional (bexiga hiperativa), sem relação com o esforço físico, geralmente associada a aumento da frequência miccional diurna e noturna.  Estima-se que a incontinência urinária de urgência pura esteja presente em até um quarto das mulheres incontinentes. As pacientes normalmente relatam que percebem o desejo e não conseguem chegar ao banheiro, molhando a roupa.

  • Incontinência Urinária Mista.

A Incontinência Urinária Mista é a associação de sinais e sintomas da Incontinência de Esforço e de Urgência.

O Diagnóstico da incontinência e seu tipo é realizado por uma análise detalhada da história clínica, somado a um exame físico dos genitais e solicitação de exames de urina, imagem como ultrassonografia e em alguns casos indica-se o exame endoscópico da bexiga (cistoscopia) e/ou o Exame Urodinâmico (exame que mostra se a bexiga consegue cumprir sua função: armazenar urina sob baixa pressão e proporcionar adequado esvaziamento).

Recomenda-se também a elaboração de um diário miccional, pelo paciente, que fará o relato da quantidade de líquidos ingeridos; volume urinado e seus respectivos horários por um determinado período.

O Tratamento adequado, será instituído após firmado o tipo de incontinência, e pode estar envolvido uma ou mais medidas terapêuticas, como:

  • Mudanças comportamentais do estilo de vida e de hábitos alimentares,
  • Controle da ingesta hídrica (horários e volumes),
  • Programar horários para micções a cada 2-3 horas,
  • Instituir fisioterapia para fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico e esfincteriana,
  • Tratar infecções urinárias e vaginais,
  • Melhora das condições do epitélio vaginal, com reposição hormonal, caso não tenha contra indicação ginecológica,
  • Controle de doenças associadas (Neurológicas, Diabetes, Hipertensão, entre outras),
  • Uso de medicações especificas:   existem várias medicações de via oral e a toxina botulínica (Botox) para injeção intra vesical em ambiente hospitalar,
  • Tratamento Cirúrgico: existem várias técnicas desde minimamente invasivas até a correção, dos defeitos anatômicos encontrados (“bexiga caída”),
  • Neuroestimuladores, aparelho (implantado cirurgicamente) que estimula nervos próximos à coluna, através de impulsos elétricos e que tem o objetivo de controlar a bexiga.

Não tenha vergonha de abordar o tema com seu médico. Ele saberá lhe orientar e tratar da melhor forma, lembre-se: Incontinência Urinária tem tratamento.

Dr. Marco Lipay

  • Cremesp 73891- CRM 73.891 | RQE 33972
  • Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo)
  • Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia
  • Membro Correspondente da Associação Americana de Urologia
  • Autor do Livro Genética Oncológica Aplicada a Urologia

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