Doença de Peyronie

A doença de Peyronie é caracterizada pela formação de uma área endurecida, na membrana elástica que envolve o corpo cavernoso do pênis.

Por Marco Lipay

A doença de Peyronie foi descrita em 1743 pelo Dr. François Gigot de La Peyronie, médico do Rei da França, Luiz XIV, quando diagnosticou esta doença no monarca.

A doença de Peyronie é caracterizada pela formação de uma área endurecida (“placa”), na membrana elástica que envolve o corpo cavernoso do pênis, chamada túnica albugínea, afetando homens entre 20 e 80 anos. O desenvolvimento da placa fibrótica, pode se ocorrer em qualquer parte do pênis e resultar em encurtamento da haste peniana, dor e/ou curvatura do pênis quando ereto.

A curvatura e o encurtamento peniano podem piorar gradualmente, no entanto, a condição tende a se estabilizar em até 12 meses do início do aparecimento da placa. A dor durante as ereções geralmente melhora dentro de um a dois anos, mas o tecido cicatricial, o encurtamento peniano e a curvatura permanecem. Em alguns homens, a curvatura e a dor associadas à doença de Peyronie melhoram sem tratamento, em outros homens, o pênis ereto pode ter aparência de ampulheta, além da curvatura.

Estudo Brasileiro, analisando Homens com mais de 50 anos rastreados para câncer de próstata no sul do Brasil tiveram uma taxa de prevalência de 3,7% para doença de Peyronie. Outros estudos, em vários serviços internacionais, estimam que a incidência varia de 0,4% a 3,5% dos homens adultos.

O diagnóstico é realizado com história clínica detalhada, um exame físico adequado, um ultrassom e fotos digital do pênis em ereção.

A causa da doença de Peyronie não está completamente esclarecida, e vários fatores de risco parecem estar envolvidos, como:

  • lesões repetidas no pênis (durante o sexo, atividade atlética ou como resultado de um acidente).
  • a doença aumenta com a idade, principalmente nos homens de 50 e 60 anos.
  • o processo de cicatrização após lesão no pênis (formação de um nódulo que você pode sentir ou desenvolver uma curvatura).
  • Fatores Hereditários,
  • Desequilíbrio do sistema imunológico que ataca as próprias células e órgãos do corpo.
  • Outros fatores como tabagismo, distúrbios do tecido conjuntivo, diabetes e disfunção erétil. Homens com disfunção erétil associada ao diabetes têm uma chance 4 a 5 vezes maior de desenvolver a doença de Peyronie em comparação com a população em geral,
  • Cirurgia para o tratamento do câncer da próstata.

A Doença de Peyronie pode acarretar situações como a disfunção erétil, a ansiedade, estresse sobre as habilidades sexuais, estética e/ou redução do tamanho do pênis.

O tratamento tem como objetivo reduzir a dor, manter uma anatomia peniana adequada, visando um pênis reto ou quase reto visando a restauração da capacidade em manter relações sexuais. Nem todos os homens com doença de Peyronie precisam de tratamento, estima-se que 30% dos casos se resolvem espontaneamente; 30% permanecem estáveis e os demais 40% evoluem desfavoravelmente.

Quando necessário, o urologista pode recomendar um tratamento clínico ou cirúrgico, dependendo da gravidade da doença de Peyronie e da na fase em que se encontra o processo, seja aguda ou crônica (12 a 24 meses do início dos sinais ou sintomas).

A cirurgia tem como propósito endireitar o pênis durante a ereção, e só é recomendada quando: os sintomas não melhoraram, quando as ereções ou relações sexuais são dolorosas e finalmente quando a curvatura do pênis impede a penetração ou relação sexual. Vale lembrar que a cirurgia só deve ser realizada após a curvatura do pênis (placas) já tenha se estabilizada, em alguns casos além da cirurgia plástica convencional pode ser necessário o uso de enxertos e até prótese, em algumas situações.

Alguns homens podem desenvolver complicações após a cirurgia como a não correção plena da curvatura peniana ou a manutenção do encurtamento e dor do pênis.

O tratamento cirúrgico é realizado, sob efeito anestésico, o paciente é informado que será possível o uso de analgésicos e da necessidade de um repouso relativo, de suas atividades físicas e sexuais, entre outros cuidados, principalmente com a ferida cirúrgica.

A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em seu consentimento informado, menciona que o tratamento proposto pode resultar em alguns riscos como:

  • A possibilidade de ocorrer encurtamento peniano após a cirurgia ou não obter a correção completamente a curvatura do pênis,
  • Presença de edema e/ou hematomas do pênis requerendo tratamento clínico ou cirúrgico,
  • Possibilidade de infecção na incisão cirúrgica, requerendo futuro tratamento,
  • Perda da sensibilidade em alguns locais do pênis ou uma cicatrização cirúrgica esteticamente inadequada como, por exemplo: queloide, cicatriz hipertrófica, etc.

Converse com seu urologista, ele saberá avaliar o seu problema e indicar a melhor forma de tratamento.

  • Fonte Consultadas: Sociedades Brasileira, Americana e Europeia de Urologia.

Dr. Marco Lipay

  • Cremesp 73891- CRM 73.891 | RQE 33972
  • Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo)
  • Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia
  • Membro Correspondente da Associação Americana de Urologia
  • Autor do Livro Genética Oncológica Aplicada a Urologia

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