Câncer de Adrenal

Saiba mais a respeito e veja os tratamentos.

Por Marco Lipay

O Câncer de Adrenal ou Suprarrenal é um tumor raro, com incidência anual de 2 casos/1.000.000 habitantes (0,02% de todas neoplasias, 0,2% dos óbitos por câncer). Incide em ambos os sexos, com predomínio em três fases da vida (em crianças de 1 e 2 anos, 7 e 16 anos, e mais comumente em adultos na 5ª década de vida). A causa do câncer de adrenal não é conhecida e os fatores de riscos não são precisos, portanto, não é possível fazer o rastreamento da doença. Muitos dos diagnósticos na vida adulta são realizados quando o paciente é submetido a um exame de imagem para um “check-up” ou na investigação de uma outra doença.

As glândulas suprarrenais são duas e estão localizadas imediatamente acima dos rins e pode ser dividida em  duas partes, cortical e medular.

A porção externa ou cortical é o local em que ocorre a produção de hormônios conhecidos como esteroides, a saber:

  • Cortisol: controla o metabolismo orgânico e auxilia o corpo a lidar com o estresse.
  • Aldosterona: ajuda os rins a regular a pressão arterial e a quantidade de sal no sangue.
  • Andrógenos: podem ser convertidos em formas mais comuns dos hormônios sexuais como estrogênio (feminino) e testosterona (masculino) em outras partes do corpo, mas em menor quantidade que os hormônios produzidos pelos testículos nos homens e ovários nas mulheres.

É na região do córtex que a maioria dos tumores de adrenal se desenvolve.

A parte interna da glândula suprarrenal, conhecida como medular, é o local do corpo em que se produzem hormônios como norepinefrina e epinefrina (também chamado de adrenalina). Estes atuam diretamente sobre o sistema cardiovascular e renal (controlando a frequência cardíaca, pressão arterial e homeostase dos fluidos corporais).

Os tumores da adrenal, na região medular podem ser benignos (feocromocitomas) ou malignos (neuroblastomas), enquanto na porção cortical os tumores benignos são conhecidos como adenomas, e os malignos são denominados de carcinomas.

Os sinais e sintomas dos tumores na região cortical da adrenal estão relacionados ao descontrole na produção de hormônios (andrógeno ou estrogênio).  Em meninos pode-se observar o crescimento excessivo de pelos em face, púbis e axila. Os hormônios masculinos podem desenvolver precocemente o pênis em meninos ou o clitóris em meninas.  Nas meninas podem desencadear o desenvolvimento dos seios e aparecimento de ciclos menstruais. Tumores produtores de estrogênio também podem aumentar os seios em meninos. Nos adultos esses sintomas são menos perceptíveis considerando que os pacientes já passaram pela puberdade e têm caracteres sexuais definidos, exceto quando produz em excesso o hormônio do sexo oposto. Os níveis excessivos de cortisol podem desencadear a Síndrome de Cushing e os possíveis sinais e sintomas são:

  • Ganho de peso, com alargamento da região cervical, abdome e na área das bochechas (face da lua)
  • Estrias roxas no abdômen
  • Crescimento excessivo do cabelo no rosto, braços, peito e nas costas das mulheres
  • Irregularidades menstruais
  • Fraqueza e perda de massa muscular nas pernas
  • Depressão e/ou mau humor
  • Ossos enfraquecidos (osteoporose) que podem levar a fraturas
  • Altos níveis de açúcar no sangue, muitas vezes levando ao diabetes
  • Pressão alta

Os principais sinais e sintomas causados por tumores de adrenal  produtores de Aldosterona são:

  • Pressão alta
  • Fraqueza
  • Cãibras musculares
  • Baixos níveis de potássio no sangue

Os cânceres de suprarrenal podem se manifestar tardiamente, quando o tumor já é grande o suficiente para pressionar órgãos adjacentes à lesão primária ou metastática.

O diagnóstico inclui uma consulta e um exame físico detalhado, procurando identificar sinais e sintomas sugestivos de tumores da adrenal. Exames de sangue e urina (específicos) serão solicitados, além de exames de imagem como Raio-X, Ultrassom, Tomografia, Ressonância ou Tomografia de emissão de pósitrons (PET).

A maioria dos cânceres de córtex adrenal não são herdados, são esporádicos, mas alguns são causados por um defeito genético (em até 15%). Essa situação é mais comum em cânceres de suprarrenais em crianças. Citamos algumas  Síndromes que podem levar ao câncer da adrenal: Li-Fraumeni, Beckwith-Wiedemann, Neoplasia endócrina múltipla (MEN1), polipose adenomatosa familiar (FAP) e Síndrome de Lynch ou câncer colorretal não-policísto hereditário (HNPCC). Nestas situações recomenda-se o aconselhamento genético visando um melhor rastreamento e acompanhamento evolutivo da neoplasia.

Confirmado o diagnóstico, indica-se o tratamento que inclui uma ou mais modalidades terapêuticas: cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia. Quando os tumores são encontrados precocemente há chances de cura, mas se o câncer se espalhou por áreas além da glândula adrenal, a cura torna-se pouco provável. Nesta situação o tratamento pode ser indicado para retardar a progressão ou recorrência da neoplasia e melhorar a qualidade de vida do paciente. Na dúvida procure o seu médico.

Dr. Marco Lipay

  • Cremesp 73891- CRM 73.891 | RQE 33972
  • Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo)
  • Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia
  • Membro Correspondente da Associação Americana de Urologia
  • Autor do Livro Genética Oncológica Aplicada a Urologia

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